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teatro e literatura

Na homenagem a O Teatro Pós-dramático de Hans-Thies Lehmann (palestra, 2019)

É uma grande alegria estar aqui. Agradeço à gentileza de Hans-Thies Lehmann e da Akademie der Kunst. Minha fala será, em parte, sobre a recepção brasileira ao Teatro Pós-Dramático, e em parte, sobre minha relação pessoal com o livro. Isso talvez interesse porque fui o responsável por escrever o prefácio à tradução brasileira, publicada em 2007. E é um prefácio contraditório e crítico em relação a um livro brilhante, que eu próprio indiquei para a publicação. Esta relação contraditória tem motivos.

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crônicas e ficção

Monan Piririguá (2011)

Piririguá Obyg tinha 130 anos quando o missionário da Companhia de Jesus o procurou no aldeamento de Itanhaém. A pele enrugada do velho tupiniquim sobrava nas costelas e coxas, mas não no rosto descarnado. Portava adornos descoloridos da virtude guerreira antiga. Foi um homem principal, disso sabiam todos, e não só o prestígio, mas o corpo magro e riscado fascinara o jesuíta.

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teatro e literatura

O teatro de grupo em São Paulo e a mercantilização da cultura (palestra, 2013)

Como vocês sabem, o tema deste encontro é considerado anacrônico por muita gente. Para eles, a politização da arte é uma questão do passado. 

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Notes on Boal’s the Dialectical Practice (2010)

Augusto Boal changed the condition of theatre. He did so through a unique theoretical reflection, which enabled him to initiate a popular trans-aesthetic theatre practice. The paradox is that his project includes, simultaneously, a denial of art and the creation of an independent aesthetic which sought to achieve an egalitarian artistic praxis. Therefore, within every hopeful affirmation of the possibilities of transforming human action, Boal has also inscribed a fundamental “no,” because he has been for a long time a dialectician. I have not yet found anyone more interested in mobility, uncertainty and ambiguity.

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Die Zukunft der Nachgeborenen

(Von der Notwendigkeit, über die Gegenwart hinauszudenken. Herausgegeben von Therese Hörnigk und Sebastian Kleinschmidt.)

“Ein Experiment mit dialektischem Theater in Brasilien von Sergio de Carvalho”

https://www.theaterderzeit.de/buch/die_zukunft_der_nachgeborenen/

Paperback mit 208 Seiten, Format: 140 x 240 mm
ISBN 978-3-934344-51-8

SÉRGIO DE CARVALHO. Studium für Kommunikation und Journalismus an der Universität von São Paulo und Abschluss mit einer Arbeit über den Theoretiker Anatol Rosenfeld. Professor für Theorie des Theaters und dramatische Literatur, Abteilung der Szenischen Künste an der Universidade de São Paulo, USP. Regisseur, Autor, Kritiker und Direktor der Companhia do Latão (brasilianische Theatergruppe, die sich mit dem Werk Brechts auseinandersetzt).

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crônicas e ficção

Uma canção do reisado (2011)

No Assentamento Santana, onde mora Alana, Seu José, brincante do Boi, é a mim apresentado por Silma. Percebe que me interesso pelo que ele faz e me narra uma cena. “Nunca viu?” Ele representa cada um dos personagens do jogo do reisado, canta trechos, cria o espaço, as oposições, os tipos. Consigo ver cada detalhe.

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diálogos das artes

Notinha sobre Cassavetes (2011)

“Faces”, de John Cassavetes, me trouxe a vontade de fazer cinema. Sua beleza impressionante não é técnica. Câmera documental, sem plano e contra plano, descontinuidade, marcas de muitos cineastas modernos. O assunto tem algo de banal: o casal burguês em crise se refugia no sexo pago. Mas, como em Tchekhov, os estragos psíquicos surgem patéticos, em contextos sociais precisos.

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Latão e Brecht

Nota sobre atuação no Latão (2011)

Hoje, quando tem início a temporada de O Patrão Cordial em São Paulo, registro alguns pontos importantes para o trabalho dos atores na Companhia do Latão.

“A máscara é o que dá sentido e tira”, ouvi a frase fulminante numa entrevista dada pelo mestre de reisado Manuel Torrado, que vive no interior do Ceará. Um ator interessado em dialética (e no teatro como interesse pela vida) pode se aproximar dessa compreensão se praticar algumas negações que visam a superações. Desse ponto de vista, torna-se importante: não se deixar carregar pela própria energia interpretativa, aquela que em certa medida é útil para a superação do medo da boca de cena.

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Latão e Brecht

Do diário das apresentações de Ópera dos Vivos (2011)

10.11.2011
Palestra a um grupo de teatro intelectualizado. Após a fala inicial, ouço a pergunta reincidente: “Você acha que essa perspectiva iluminista, essa crítica da ideologia feita pelo teatro épico, dá conta das questões contemporâneas?”. Respiro fundo e tento explicar que o procedimento do teatro dialético não pode ser identificado ao desmascaramento, à exposição da mola econômica, que os aspectos decisivos estão na interação contraditória entre a cena e o público etc.

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diálogos das artes

Gerd Bornheim foi espectador ideal (2002)

Dentre os filósofos brasileiros, Gerd Bornheim foi o mais querido pela gente de teatro. Tinha como ninguém o prazer do espetáculo, a admiração pela forma transitória da cena, por uma ficção condicionada à presença física dos atores. Tinha também um gosto muito pessoal pela crise. Pelo teatro como experiência crítica, em que os valores não estão mais dados. E tudo precisa ser construído na relação entre o palco e a platéia.