Sou Maria Ilieva
das ameixas escaldadas,
do xarope fermentado,
na Bulgária dos novos dias.
Pode provar meu senhor,
Meu conhaque seca feridas,
Sérgio de Carvalho é dramaturgo e encenador da Companhia do Latão, grupo teatral de São Paulo, Brasil. É professor livre-docente na Universidade de São Paulo na área de dramaturgia.
Sou Maria Ilieva
das ameixas escaldadas,
do xarope fermentado,
na Bulgária dos novos dias.
Pode provar meu senhor,
Meu conhaque seca feridas,
Diante da pergunta “o que você está lendo atualmente sobre teatro”, sou forçado à resposta de efeito: nada. Nas últimas semanas tenho me dedicado à leitura de vários escritos das obras completas de Freud sobre psicanálise e à leitura do livrinho A idéia de cultura, do crítico inglês Terry Eagleton. Como ponte simbólica entre os dois autores, iniciei também a leitura dos ensaios reunidos em Cultura e Psicanálise de Herbert Marcuse.
Há mais de 30 anos, parte do teatro considerado experimental reproduz diversos padrões formais, numa espécie de cartilha gasta de recursos cênicos. Como justificativas ou legitimações desses estilemas, foram construídas diversas supostas teorias, quase todas elas amparadas na recusa pós-estruturalista à racionalidade. As teorias, na verdade arrazoados poéticos, variam nos termos chave (“paisagem de sonho”, “dinâmica volitiva”, “não-duplicação”, “anti-mimético”, “performatividade”) conforme o autor que fundamenta a condenação das “grandes narrativas”. Mas têm um fundo comum: o culto idealista à chamada PRESENÇA, entidade abstrata que palpita no seio de outra sentença feita – a necessidade de uma “arte contemporânea”.
Poucos livros são tão imprescindíveis para os estudos teatrais como “Teoria do Drama Moderno”, publicado em 1956, mesmo ano da morte de Bertolt Brecht. Seu critério de compreensão do modernismo é radical. Por isso tão mobilizador. Segundo Peter Szondi, a dramaturgia moderna não foi só aquela que encenou novos assuntos, num quadro de crise da ordem burguesa, dando relevo a questões como a incomunicabilidade ou as lutas sociais. Foi sobretudo a que procurou converter esses assuntos em novas formas.
Assisti, numa apresentação especial para convidados, ocorrida em Berlin, a um ensaio de uma companhia japonesa de teatro Kabuki, comandada pelo ator Nakamura Kanzaburo XVIII.
O espetáculo Ópera dos Vivos foi concebido como um estudo teatral sobre o trabalho da cultura. Mais especificamente, a peça estuda a dialética entre a dimensão produtiva e formas de representação, a partir de algumas experiências modelares do teatro, do cinema e da canção, dos anos 60 até hoje.
Os anos de aprendizagem do Teatro de Arte de Moscou devem muito de seu brilho ao trabalho de Anton Tchekhov. A morte do escritor, em 1904, fecha o primeiro ciclo de formação da mais importante companhia russa de teatro moderno, surgida em 1898 do encontro de dois homens, o ator Konstantin Stanislávski e o dramaturgo Nemiróvitch-Dántchenko.
A Estética do Oprimido é o último livro de Augusto Boal. Num certo sentido, é uma re-escritura do nome de seu autor. Sua metáfora central parece estar num relato sobre os índios Pirahá, de Roraima. Segundo Boal, ao longo da vida eles mudam de nome porque acreditam que o avançar da idade os transforma em outras pessoas: “mentiriam se guardassem os mesmos nomes: já não são o que foram.”
O editor neotropicalista é a encarnação do ideal do “criticar aderindo e aderir criticando”.Vai a todas a festas, mas se sente como um antiburguês no meio dos burgueses, um subversivo que esparrama graxas avançadas nas engrenagens da estrutura.
Anton Tchekhov, contista e dramaturgo russo morto em 1904, será um dos autores mais encenados neste ano no Brasil. São muitos os motivos que explicam o fenômeno.