Assisti, numa apresentação especial para convidados, ocorrida em Berlin, a um ensaio de uma companhia japonesa de teatro Kabuki, comandada pelo ator Nakamura Kanzaburo XVIII.
O nome indica a tradição dinástica, bem como o primeiro dos nomes do grupo se refere ao imperador atual: Heisei Nakamura-za é este coletivo de jogo cênico variado, entre o melodrama bruto e a farsa coreográfica, que mistura estilos teatrais, da convenção metonímica ao realismo cru, talvez o que mais próximo se encontre hoje da antiga cena elisabetana: organização cultural aristocrática e teatralidade popular. Essas fotos foram feitas por mim, naquele maio de 2008, na Casa das Culturas do Mundo de Berlim. A mulher mutila o própria rosto com um ferro em brasa (evidentemente de madeira, avermelhada no batom). O efeito da carne-viva só não era menos notável do que a capacidade de estilização trágica desse ator especializado em papéis femininos (onnagata). Desconheço seu nome.



